PABULAGEM
Na arte da poesia
Recebi um certo dom
Posso não ser dos melhores
Mas tem valor o meu tom
Sem querer me pabular
Eu acho que eu sou é bom
Minha viola tem som
Que anima a assistência
Posso não fazer repente
No nível da excelência
Mas quando pego um mais fraco
Bato sem usar clemência
Embora a minha aparência
De sujeito comportado
Me traga neste conceito
De ser pouco afamado
Chegando a hora precisa
Dou de conta do recado
Eu já bati em barbado
Que se dizia o tal
Da bandas do Ceará
Lá no meu solo natal
Eu só não vou citar nomes
Pois acho que pega mal
Uma vez no festival
Eu bati num cantador
Com tanta força o fiz
Com um osso de
corredor
Que ainda hoje me arrependo
Peço perdão ao Senhor
Outra vez em Senador
Eu cantando um desafio
Fiz o vinte virar trinta
Mudei o curso do rio
Bati num cego a traição
Não pode nem dar um pio
Eu mesmo já desconfio
Que um tal de Benvenuto
Agora quer ser
poeta
Estas coisas eu
escuto
Longe está de ser
poeta
Mais próximo de
prostituto
Este meu verso
matuto
Tem uma força estrondosa
Tem um poeta que
se pela
Quando escuta
minha prosa
Digo a primeira
letra
Lhe chamam de
Manga Rosa
Minha lira tão formosa
Humilhou o Camarão
E pra falar a verdade
Daqueles do meu sertão
Só respeito seu Bibi
Só por consideração
Maceió (AL), Abril
de 2004.
Um comentário:
Meu amigo bem querido Ruy do Ceará, dei uma bulinada no teu blog para mim aprimorar, diante de tantos causos descritos, eu posso até num ser um bom entendedor, mais na arte do cordelista tu tens um grande valor. Rui Rodrigues, meu amado tu és o Rui da Rui Barbosa, um moço de fino trato e um caboclo de muita prosa e na disputa dos repentistas tu colocou no bolso o teu primo Manga Rosa. Esta família Rodrigues de fato é uma constelação, só tem artista. Um abraço!
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