quarta-feira, 30 de junho de 2010

Disse e Digo

Se eu disser: é livre arbítrio
Você diz: é o destino
Se eu disser que é gente grande
Você diz é um menino
Se que disser que é sulista
Você diz é nordestino

Se eu disser é Beu Paulino
Você diz é Benvenuto
Se eu disser que é indeciso
Você diz é resoluto
Se eu disser: sou praciante
Você diz que eu sou matuto

Se eu disser absoluto
Você diz é relativo
Se eu disser é solução
Você diz: paliativo
Se eu disser que é indigesto
Você diz que é digestivo

Se eu falar é repulsivo
Você diz é um amor
Se eu disser que sou escravo
Você diz que é senhor
Se eu disser ôh cheiro bom
Você diz eita fedor

Se eu disser é Salvador
Você diz Rio de Janeiro
Se eu disser que só no Crato
Você diz no Juazeiro
Se eu disser tô no Iguatu
Você diz fui pra Salgueiro

Se eu disser sou o primeiro
Você diz é o segundo
Se eu disser cacimba rasa
Você diz riacho fundo
Se eu disser que é tio Antonio
Você diz é tio Raimundo

Se eu disser que é moribundo
Você diz é neonatal
Se eu disser Semana Santa
Você diz é carnaval
Se eu disser que é sertão
Você diz que é Litoral

Se eu disser que é Natal
Você diz que é São João
Se eu disse que é uma corrida
Você diz que é procissão
Se eu disser que é Apolinário
Você diz é Gavião

Se eu disser que é Lampião
Você diz é Ariano
Se disser roupa do couro
Você diz que é de pano
Se eu disser sou Cearense
Você diz Alagoano

Se falar que é profano
Você diz que é beato
Se eu falar tudo é verdade
Você diz tudo é boato
Se eu disser que é filé
Você diz é só o fato

Se disser eu sou do mato
Você diz que é da cidade
Se eu disser que é por amor
Você diz por caridade
Se eu falar meia – mentira
Tu falas meia – verdade

Se eu disser felicidade
Você diz muita tristeza
Se eu disser ir pro Recife
Você diz prá Fortaleza
Se eu disser salve o Icatu
Você quer Forró Beleza

Minha terra com certeza
È melhor que o Cariri
Agora quebro o contrato
Almoço arroz com pequi
Quem escreve é o poeta
Que é filho de seu Bibi!





Nas Alagoas, Novembro de 2006.

Benditança

Benditança

Nas horas de Deus
Da Virgem Maria amém
Se é de fazer o mal
(Meu Senhor) 3x
Faça o bem

I
Esta singela oração
Aprendi quando criança
Trago ela no meu peito
Tal rosário de esperança
É mensagem de bonança
Que trago no meu viver
Vou rezando roda hora
Em tudo que vou fazer

II
Quem pede a Jesus por nós
É Maria Concebida
Mãe de Deus e mãe da gente
Nossa mãe compadecida
Por isso na minha vida
Não me canso de rezar
Minha fé é companheira
Não deixa eu desanimar

III
Deus é Pai e Deus é Filho
É Espírito também
É trindade do amor
E o amor só faz o bem
À trindade digo amém
É certeza pro Cristão
E vamos rezar com fé
Canto e rezo a oração

IV
Nas horas mais complicadas
Nas horas de alegria
É tudo hora de Deus
Também da virgem Maria
Não me falte um só dia
Esperança de verdade
Não falte ao mundo inteiro
Justiça e fraternidade

V
Daqui para a eternidade
Só mesmo Deus nos conduz
Iluminar o caminho
Ele que é a própria luz
Cada um pegue sua cruz
Com força, coragem e fé
Pois quem guia nossa luta
É Jesus de Nazaré.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Arte Popular


A Cultura Nordestina

E a Arte Popular

A marca da nossa História

As coisas deste lugar

Pouco a pouco vão sumindo

Eu resolvi protestar


Não se pode aceitar

Como as coisas tão ficando

A arte de nossa terra

Aos poucos se acabando

E um povo sem cultura

Pra extinção vai marchando


O que venho observando

Nesta terra de Teixeira

É a falta de atenção

Pra cultura verdadeira

E a arte importada

Mantida na dianteira


Não pense que isto é besteira

Vou lhe dar explicação

Além de muito rock

Metalice e zoação

É bem pequeno o espaço

Para o nosso bom baião


E a aculturação

Vem com força tenha dó

Trio Duro na parada

Marcianas e Xororó

E se diz que é sertaneja

Nosso sertão é forro


Amarga que nem jiló

Quando é de madrugada

Eu ligar o meu radinho

Só escutar caipirada

Em qualquer uma estação

Tal cantiga combinada


A tarde a mesma zoada

Que entristece e não consola

Iguatu não é São Paulo

Goiás ou outra escola

Que saudades dos repentes

Canção, galope e viola


Pra não pedir esmola

Zé Ferreira foi embora

Lourival ta vai não vai

Tá no apertar da hora

Só canta quando viaja

Ou trás cantador de fora


Patrocínio sem demora

Divulgação bem legal

Pro garotos que imitam

Outros da América Central

Remexendo o bumbum

Etc e coisa e tal.


Eu pergunto afinal

Isto tá certo ou errado

Qual o real interesse

Ou quem paga o recado

Este povo é sem cultura

Ou tá sendo alienado


Os costumes de outro Estado

Ou mesmo do estrangeiro

Tem seu valor e lugar

Mas o Nordeste primeiro

Galo que nega sua raça

Vai pra fora do terreiro


Nosso sertão brasileiro

Mote, toada e repente

Coco de roda e baião

Vaquejada e aguardente

Cordel do nosso lugar

Cantiga de nossa gente


É necessário e urgente

De todos, nova postura

De quem tá no microfone

De quem produz a cultura

De quem tá pagando o som

De quem tá na prefeitura


Pra nossa vida futura

Peço a proteção Divina

Que nos livre do Japão

Abençoe a nossa sina

Viva a Arte Popular

E a Cultura Nordestina.


Ruy Rodrigues


Nota da 2ª edição: Este cordel foi produzido e editado

originalmente em Iguatu-Ce no ano de 1988. De lá pra cá, pra nossa tristeza,

pouca coisa mudou no campo da valorização da Cultura Popular.


2ª edição: Maceió (Al), Abril de 2006

Contatos

Para maiores informações, contato com o autor, dúvidas ou sugestões:
ruy.r@ig.com.br
ou
benita.rodrigues@hotmail.com

obrigada.