E AGORA POETA?
Minha terra é fecunda
De poetas populares
Tem uns que são exemplares
Outros são irregulares
Envergonham a profissão
Tem uns que enganam bem
E ficam num vai-e-vem
Uns que não valem um vintém
É grande a relação
Uns em grandes patamares
Vivem da cantoria
Estes têm o dom de poesia
A santa sabedoria
Lhes têm predileção
Nem sempre reconhecidos
Vivem uns dias sofridos
Sem sustentos garantidos
Falta melhor condição
Outros têm a poesia
Como amiga e companheira
É a vertente certeira
De amar a vida inteira
A cultura do sertão
São estes adoradores
Se inspiram nos trovadores
São os vates amadores
Mas fiés à vocação
Se eu falar nos cantadores
Da terra ou agregados
Simplórios ou graduados
Presentes ou dos passados
Formam uma procissão
Na mente vem de primeira
Nosso Lourival Pereira
E também vem Zé Ferreira
Mestre da improvisação
Antigos mais afamados
Muito eu ouvi “fala”
Antonio Maracajá
Pois Geraldo pra “canta”
No inicio da profissão
Tem Paulo e tem Vicente
Nesta arte do repente
“Home” olhe é tanta gente
Na história do meu torrão
Partindo pros meus parentes
Seu Heleno tem história
Dou a mão à palmatória
Pois a sua trajetória
Tem singular condição
É artista popular
Difícil de se encontrar
É completo sem faltar
Digo sem bajulação
Nossa família é notória
Tem poetas criativos
Não se submetem à crivos
Seus versos não são cativos
De escolas ou de padrão
Rimando sem nos dar trégua
Pensando a uma légua
Poeta Chapéu de Égua
Meu primo e quase irmão
Porém um dos mais altivos
De nome, o mais famoso
Com sua fama zeloso
Porém pouco operoso
Se agarra no seu bordão
Um poeta meio de feira
Que só fala a vida inteira
“Cantei com Geraldo Pereira”
Eu não agüento isto não
Eita poeta orgulhoso
Só tem o nome e mais nada
A mente está apagada
Sua fama azedada
Só serve para o lixão
És o mais fraco da lista
Nunca foste repentista
Cuide de ser motorista
Se não, não ganha o feijão
A verdade ta falada
Quem quiser que se agüente
Sou poeta competente
Eu só falo consciente
Não deixo interrogação
E se alguém achar ruim
Procure Ruy Bacurim
De Salgueiro a Surubim
De Maceió ao sertão.
Ruy Rodrigues
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